A APROTED participou na 86ª sessão do ciclo “ A Dramaturgia e a Prática Teatral”, dedicada ao teatro na escola, respondendo ao convite formulado pelo dramaturgo Jaime Salazar Sampaio, responsável pelo ciclo em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Autores. A sessão realizou-se a 8 de Abril, no Auditório Maestro Frederico Freitas, situado na sede da SPA, Avenida Duque de Loulé, Lisboa.
A 86ª sessão iniciou-se com a apresentação da cena de abertura de o Auto das Fadas, de Gil Vicente, e de uma cena de As Sobrinhas, de Jaime Salazar Sampaio, pelos alunos do Curso Profissional de Artes do Espectáculo – interpretação - da Escola Secundária de Passos Manuel, de que é director o professor Manuel Almeida e Sousa, também presente.
Após a apresentação, foi exibida uma montagem vídeo com excertos de actividades de teatro escolar de diversas escolas da área da Grande Lisboa: Escola Infante D. Pedro, Alverca; Santa Maria, Sintra; Dona Luísa de Gusmão, Lisboa; José Saramago, Mafra, Madeira Torres, Torres Vedras; e Passos Manuel, Lisboa. A compilação permitiu aos presentes terem uma noção da variedade do trabalho que se vai realizando nas nossas escolas, na área do Teatro-Educação.
Seguidamente, o professor António Silva, da APROTED, fez uma apresentação sobre o percurso do teatro escolar no nosso sistema de ensino. Em sua opinião, os sucessivos governos nunca apostaram, com sinceridade, na educação artística. Em relação ao teatro na escola, há uma persistente descontinuidade nos projectos para esta área artística que tem impossibilitado a implementação e desenvolvimento da disciplina nas escolas. Referiu, a título de exemplo, a nunca justificada extinção da Oficina de Expressão Dramática do ensino secundário que destruiu mais de uma década de investimento por parte do M.E., escolas, docentes, e das próprias comunidades locais. A disciplina, quando retirada do currículo, funcionava em mais de 100 escolas secundárias da rede escolar pública.
Continuando a sua exposição, o presidente da direcção da APROTED acrescentou, ainda, que a situação se agravou drasticamente com a aprovação, pelo actual Governo, do Decreto-Lei nº 35 de 2007, que proíbe as escolas de contratarem professores de Teatro para um número de horas superior a meio horário semanal (11horas), mesmo que a escola tenha necessidade de um docente para preencher um horário completo. António Silva afirmou que esta medida é “absurda”, vai contra a anunciada estabilidade do corpo docente nas escolas de modo aos professores melhor acompanharem os alunos no seu percurso formativo e é, acima de tudo, discriminatória e injusta. A não revogação do artigo 11º do Decreto-Lei nº 35 de 2007, em seu entender, afastará das escolas públicas os últimos professores com habilitação académica na área do teatro, nomeadamente alguns profissionalizados, acabando definitivamente com o teatro na escola em Portugal. Teatro na escola que, cada vez mais, vai sendo substituído, e confundido, por um conjunto de improvisadas actividades de entretenimento ou de ocupação de tempos livres para os alunos, sem valor educativo ou estético.
Após a apresentação, seguiu-se um debate sobre a situação do ensino artístico e do Teatro –Educação no nosso sistema de ensino, tendo sido consensual para a generalidade dos presentes, que, nos últimos anos, houve um nítido desinvestimento na educação artística em Portugal.
Por fim, Jaime Salazar Sampaio informou que a SPA terá todo o gosto em disponibilizar o Auditório Maestro Frederico de Freitas a grupos escolares que ali queiram apresentar os seus trabalhos.
Por fim, Jaime Salazar Sampaio informou que a SPA terá todo o gosto em disponibilizar o Auditório Maestro Frederico de Freitas a grupos escolares que ali queiram apresentar os seus trabalhos.
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